Um cérebro sem coração
Palácio do Planalto: uma tremenda desilusão. Visto nas fotografias e nos telejornais, parece uma obra imponente. Visto ao vivo, de perto, por dentro, parece uma insignificância na grandeza sem escala de Brasília. Aliás, toda a obra emblemática de Oscar Niemeyer na capital brasileira, de uma impressionante fotogenia, perde no confronto directo com a realidade. Talvez porque falta a Brasília uma gama de condimentos que as mais deslumbrantes cidades do planeta possuem: coração, nervo, alma e os sonhos plasmados de sucessivas gerações de habitantes. Fundada em 1960, a urbe do futuro imaginada por Kubitschek é cerebral até à medula. Daí a sensação de distância que transmite aos visitantes desembarcados da Europa, onde apesar de tudo cidade ainda é sinónimo de vitalidade e calor humano.