Ovelha negra
Leio a crítica de João Pedro Oliveira no DN. Relembro a razão porque me recusei a dar 60€, para poder sentar-me na única zona onde - previsivelmente - conseguiria ouvir Caetano Veloso. Alguém que lá esteve disse-me que se sentou ao lado da «elite», elencando-me em seguida os respectivos e reconhecíveis nomes.
Acontece que eu nunca gostei(s) da elite(s). Cuspi, aliás, na sopa que me deram a provar. Recusei dois convites para a Opus Dei e outros dois para a Maçonaria. A mensagem era comum: «São as elites que governam, que mandam, que decidem». Com 17 anos, sentei-me com mais 29 numa apresentação aos alunos do Propedêutico de Direito na Universidade Católica. Estávamos ali sem saber porquê. Na lista de admissão não havia, nessa altura, notas. Apenas nomes. E ouvi: «Vocês são a elite das elites». Embasbacado, olhei em volta para ver se mais alguém achava aquilo delirante. Não me pareceu.
Não sou monárquico, sou aristocrático. Estou-me marimbando para as nossas elites e quanto mais cresço mais comprovo que com elas nunca fomos, nem iremos, a lugar algum. Gosto do Povo, com pê grande. E é com ele que Portugal será, ou não, alguma vez alguma coisa em que se acredite.
Não tenho veleidades a pastor nem paciência para carneiro. Em suma, um dia destes terei que mudar de País.