sábado, julho 15, 2006

Testosterona no partido das quotas

Ontem à noite, como repórter, assisti a uma longa reunião promovida em Setúbal pela federação distrital do PS com a participação do "camarada" Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares. Estavam presentes cerca de 80 pessoas - na grande maioria homens. As quotas, entre os socialistas, são como aquela sobremesa que eu detesto - o molotoff: servem para encher a boca mas recebem nota zero em consistência.
Em Setúbal foi assim: depois de ter falado o líder da federação (macho), levantou-se o ministro (macho) e perorou durante uma hora sobre o estado do partido (óptimo) e do País (excelente). Seguiu-se um período de perguntas e respostas. Com 15 militantes (todos machos, incluindo o ex-ministro Paulo Pedroso) levantando questões e novamente o ministro a responder.
Setúbal não é propriamente um reino de trogloditas. Como explicar então este excesso de testosterona no suave partido das quotas? Nada como dar a palavra a quem percebe de questões de "género": "É bem capaz de ser uma demonstração da proverbial superioridade masculina, para não dizer mesmo a criação de um facto político com vista à produção de postas sobre a imutabilidade das características intrínsecas dos géneros e a adequação realista dos estereótipos."
Eu não diria melhor.