México
O candidato conservador, Felipe Calderón, do Partido de Acção Popular (PAN), terá vencido a recontagem nas eleições presidenciais mexicanas. Calderón derrotou por uma unha negra o candidato do Partido da Revolucão Democrática (PRD), Andrés López Obrador, de esquerda. Estes números não são definitivos, mas é pouco provável que haja reviravolta, apesar da diferença ser mínima. O candidato do PAN atraiu o voto do norte, mais rico e influenciado pelos Estados Unidos. O candidato do PRD teve mais impacto no sul, no México menos desenvolvido.
Estas foram as eleições mexicanas mais renhidas de sempre e devem ter causado um verdadeiro calafrio em Washington. O quase empate confirma a viragem na disposição do eleitorado latino-americano e a mudança profunda da paisagem política na região.
Sucessivas eleições criaram duas estirpes de populistas: a caudilhista, de que é exemplo o venezuelano Hugo Chávez, mas também Evo Morales, na Bolívia; e a reformista, (Chile, Argentina, Brasil ou Peru, por exemplo). Nas recentes eleições peruanas, as duas formas de populismo estiveram em confronto directo, tendo vencido o candidato da esquerda reformista. No Brasil, haverá um confronto mais parecido com o mexicano, entre esquerda e direita tradicionais, sem se vislumbrar algum candidato caudilhista com hipóteses.
O padrão parece preocupante para Washington, mas no fundo inclui a boa notícia do caudilhismo não ser a escolha da moda nos países mais influentes. Apesar de ter vencido o candidato favorável aos EUA, o resultado de Obrador aponta para uma clara insatisfação política e social. E o fenómeno abrange todos os países da zona. Em resumo, o fracasso da administração Bush na América Latina é cada vez mais evidente.