sexta-feira, junho 30, 2006

Uma derrota pessoal de Sócrates

A saída de Diogo Freitas do Amaral de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros é mais uma derrota pessoal e política de José Sócrates, depois de já ter perdido as eleições autárquicas (Lisboa, Porto, Coimbra e o total do País) e as presidenciais (onde apresentou Mário Soares e viu Alegre roubar o segundo lugar). Mas vamos aos sinais e aos indicadores. Freitas do Amaral, após um apoio claro e objectivo a Durão Barroso nas legislativas de 2002, deu outra das suas reviravoltas e esteve com Sócrates nas eleições do ano passado. O fito era óbvio: O antigo candidato de 1986 aceitou ser MNE para entrar no jogo presidencial (ou para ficar mais perto dele). Soares trocou-lhe as voltas e não houve reedição do Prá Frente Portugal. Depois das eleições de Fevereiro, cedo se percebeu que aquela que é ciclicamente uma pasta que dá visibilidade e transforma ministros apagados em campeões de popularidade estava diferente. A crise nos consulados, a falta de dinheiro nas embaixadas, o Iraque, as idas (poucas) aos conselhos da União Europeia foram cansando o ministro. Há pouco mais de um mês o Expresso noticiou que Freitas estava mesmo cansado. As Necessidades desmentiram, o ministro afinal estava pleno de vigor e nem as informações que corriam nos bastidores da política de que o MNE estava de saída, que provavelmente não chegava à presidência portuguesa da UE (no segundo trimestre de 2007), o abalavam. Depois, Timor-Leste. O primeiro-ministro não desejava isto. Caso contrário, não teria reagido epidermicamente à notícia do Expresso. Recorre agora à prata da casa do guterrismo: Nuno Severiano Teixeira na Defesa, Luís Amado no MNE. Nenhuma solução é pensada, é de recurso perante o problema nas vértebras (na C7, dizem-me) do MNE. O primeiro é um especialista na área da Administração Interna, embora domine e conheça também os meandros militares. O segundo terá de fazer acompanhar-se melhor nas Necessidades. Ou será trucidado pela máquina diplomática. Se esta legislatura fosse um jogo de xadrez, Sócrates perdia agora um bispo para fazer avançar dois peões guterristas...