Sem resposta
Chamou-me a atenção o artigo de Vasco Pulido Valente no Público de hoje sobre a viagem de Bento XVI à Polónia de 25 a 28 de Maio. Diz ele que a viagem do Papa "acabou mal" porque cedeu à "horrível tese" que absolve a Igreja e o povo alemão dos crimes do nazismo. Bento XVI declarou que tais atrocidades foram cometidas por "um bando de criminosos" que, à custa de mentiras ao povo, subiu ao poder e usou e abusou dele como "instrumento" "na sua sede de poder e destruição". Pior do que isso, o Papa alemão ousou perguntar "onde estava Deus" e por que "ficou silencioso", em vez de fazer a pergunta certa: "onde estava a Igreja" e por que "ficou silenciosa". Também eu me perguntei isto com o VPV e fui ler a homilia de Bento XVI no campo de Auschwitz. O que encontrei foi o Papa a atirar para Deus um grito de desespero pelo "triunfo do mal" (como lhe chamou), enquanto VPV atirava para a Igreja, como se de um bode expiatório se tratasse. A Igreja poderia ter feito mais? Sim. Poderia não ter ficado em silêncio? Sim. E Deus, poderia ter actuado? Para quem acredita, sim. Mas não são estas as respostas que satisfazem. O Mal, em mim e em todos os outros, continua, tal com o Bem, um mistério. Um mistério aterrador. Só acredito no Amor para o vencer. E deixa de fazer sentido perguntar.