O ópio do povo (25)
Foi um dos jogos mais electrizantes que vi até hoje: valeu sobretudo pela emoção. Valorizado pela actuação de grandes jogadores e estragado pelos absurdos critérios disciplinares de um árbitro soviético, indivíduo sem categoria que semeou cartões amarelos por tudo e por nada, expulsando quatro jogadores. Mas, até por isto, acabou por ser uma das vitórias mais saborosas da selecção de Portugal, que ontem à noite venceu a Holanda (1-0) em Nuremberga, qualificando-se para os quartos-de-final do Mundial. Os portugueses nunca viraram a cara à luta, revelando estofo de campeões neste jogo de nervos, muito táctico, infelizmente demasiado violento. É certo que alguns dos nossos pisaram o risco, mas também é verdade que o habitual fair play holandês desta vez ficou em casa, como bem se viu pela entrada violenta sobre Cristiano Ronaldo, que cedo se viu forçado a abandonar o campo. Scolari deu mais um desgosto à Liga dos Amigos de Pinto da Costa: acaba de cumprir o desígnio traçado, colocando já a selecção portuguesa entre as oito melhores equipas do mundo. Os que diziam que Irão e Angola foram adversários demasiado fáceis, dirão agora o quê da Holanda?