PSD: cheira a sangue
As recentes declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e, sobretudo, o distanciamento de Manuela Ferreira Leite face à liderança de Luís Marques Mendes são um sintoma de que o congresso do PSD que se aproxima é um mero intervalo. E neste intervalo já se prefiguram os verdadeiros pré-candidatos às eleições legislativas de 2009. Para já, só estes dois "notáveis" se mexem, até porque os outros (António Borges, Alexandre Relvas, entre outros) não têm ainda o palco adequado. Mas lá mais para a frente talvez apareçam, isto se entretanto o País continuar parado, inerte. Caso contrário, como Marcelo e Relvas já reconheceram (curiosamente na mesma semana), só depois de 2009 (lá para 2010 ou 2011) é que alguém de primeira linha se vai atirar à liderança do PSD. A discussão deste fim de semana, que se prevê lúdica, de algumas moções de estratégia e a eleição dos órgãos nacionais não passará de um espectáculo interno, sem adequação ao País real.
Nada de verdadeiramente novo ou encorajador deverá sair dali, para além da negociação de Mendes com as várias tendências. Nos últimos dias ouvi dizer que tinha tentado recrutar Domingos Duarte Lima (que já foi cavaquista, depois santanista), que iria tentar uma ponte com os barrosistas (levando Miguel Relvas para a direcção) e que, no limite, até faria convites a gente que tem acompanhado Menezes ou Borges. Resultado: irá manter-se presidente do PSD, só que acompanhado por uma legião de novos fiéis que rapidamente se irão tornar infiéis. Depois de ter levado com as "farpas" de Pedro Passos Coelho e de Vasco Rato, mendistas de sempre que se afastaram há poucos meses atrás, irá agora começar a ver outros de fora do seu reduto a aproximarem-se. Querem colaborar, ajudar, contribuir para a "unidade". Mas só o farão porque agora cheira a "sangue". Quando cheirar a poder irão aparecer os candidatos, credíveis, à liderança. Ou Mendes entende isto ou faz um hara-kiri.