Novas oposições
Manuela Ferreira Leite deu o tiro de partida, ontem, no congresso da Póvoa de Varzim, ao avisar que o PSD tem de saber fazer oposição de outra forma. Tem que ser interventivo, audaz, mais capaz. Segundo a antiga ministra das Finanças, o longo período de espera que o partido vai passar (o maior da sua história e com um partido no Governo com maioria absoluta) exige "uma estratégia de oposição completamente diferente" da que foi utilizada no tempo em que Guterres estava no poder - e aqui, subtilmente, deixou uma "farpa" para Marcelo Rebelo de Sousa, que liderou o PSD nesses tempos, e que só conseguiu brilhar no processo de revisão constitucional ou nos dois referendos (aborto e regionalização).
Farpas à parte, o que Ferreira Leite pede é muito simples: trabalho, trabalho e mais trabalho. O que significa desconstruir (e não apenas criticar por criticar) um partido (o PS) e um Governo (o de Sócrates) que, segundo a presidente da mesa do congresso laranja, só se tem "colado" às bandeiras naturais do PSD, imitando a praxis social-democrata de governação.
Curioso que seja Manuela Ferreira Leite a dizê-lo hoje no PSD, como é também Maria José Nogueira Pinto a fazê-lo no CDS/PP. Duas mulheres muito conscientes do que aí vem. Ambas fizeram bem a radiografia. Ferreira Leite alerta para que o PSD exija os seus direitos de copyright, Nogueira Pinto aponta para as possibilidades que isso abre para o CDS. Porque o mimetismo entre PS e PSD pode ser tão grande que em 2009 Sócrates pode vir a ser eleito com os votos que normalmente são mais alaranjados do que rosa.
Fotografia gentilmente cedida por João Mota Lopes