Congresso do CDS: 12 apontamentos
1. As proclamações de "unidade" não enganam: o partido abandonou a Batalha mais estilhaçado que nunca.
2. Ribeiro e Castro não tem "segundas linhas" com um mínimo de qualidade. É um homem só.
3. A oposição interna conta com um líder oculto que não pôs os pés na Batalha: Paulo Portas.
4. A oposição interna sai do congresso com um rosto visível: António Pires de Lima.
5. O jovem João Almeida, opositor formal ao líder, revelou algumas qualidades - até como orador. Mas ainda tem muito que crescer.
6. Maria José Nogueira Pinto, apoiante formal de Ribeiro e Castro, convidou João Almeida para o seu gabinete de vereadora em Lisboa. O mesmo João Almeida que se opôs a Ribeiro e Castro na Batalha.
7. A derrota do presidente do partido na eleição para o Conselho Nacional prenuncia outras derrotas internas num futuro próximo.
8. Telmo Correia, Nuno Melo e António Carlos Monteiro, além de Pires de Lima, distinguiram-se na contundência das suas críticas a Ribeiro e Castro. Raras vezes tenho visto tanta contundência num congresso partidário.
9. O presidente do CDS não empolgou ninguém.
10. A oposição interna sai da Batalha com tudo quanto queria: marcou terreno, preparou o futuro, somou pontos, mordeu os calcanhares do líder. Com cálculo milimétrico, como numa operação militar, cercou Ribeiro e Castro. Sem se precipitar no assalto final, que só ocorrerá daqui a um ano. Ou dois.
11. Ribeiro e Castro, aparente vencedor, sai derrotado. Ganharia (prestígio, pelo menos) se saísse agora pelo seu pé, aproveitando como pretexto a fraca votação obtida para o Conselho Nacional.
12. Maria José Nogueira Pinto, António Lobo Xavier e Miguel Anacoreta Correia, pilares do CDS, tiveram intervenções de qualidade e receberam merecidas ovações. Mas o tempo da democracia-cristã passou: o partido ou será liberal ou não será nada. A Batalha pode ter sido o último acto político do CDS. Que renascerá das cinzas como PP. Que quer dizer Partido Popular. E Paulo Portas.