domingo, maio 07, 2006

Abriu a caça

A entrevista de Diogo Freitas do Amaral ao Expresso, na qual confessa que está "cansado" e que chega tarde a casa, parece ter gerado um verdadeiro terramoto político no seio do Governo. Ao ponto de o próprio José Sócrates ter debatido o assunto ontem de manhã com o MNE e os seus conselheiros, tendo estado marcada, e depois desmarcada, uma conferência de imprensa onde seria explicado supostamente qual o grau de cansaço do ministro.
Acontece que um ministro quando fala da maneira que falou com o semanário sujeita-se a isto e muito mais. Porque pode agora vir invocar o que quiser, mas aquele não é o registo ideal para um ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Aquilo são desabafos para se terem em casa, na Quinta da Marinha, com os amigos e a família. Por este andar, e depois deste triste exemplo e do "iberismo" militante do ministro Mário Lino, podemos ter membros do Governo a desabafarem sobre os seus joanetes nos pés e as alergias ao pó, coisas difíceis de suportar para um governante que, mesmo com tanta restrição e contenção, anda nas inaugurações/apresentações onde a forma (marketing) se sobrepõe sempre ao conteúdo, à substância.
Abriu a caça no PS a alguns lugares no Governo, designadamente aos dois acima citados. Com o agente em Brasília à cabeça e já na calha para as Necessidades. Com a sombra de Jorge Coelho a pairar em tudo o resto. E com António José Seguro a correr em pista própria no Parlamento.