O futuro da Europa (IV)
O mais recente Eurobarómetro sobre o Futuro da Europa merece uma observação atenta. O que mais me impressiona, nos resultados, é o pessimismo português e o facto de Portugal estar quase sempre na companhia dos novos Estados membros, os países da Europa central e de leste, sobretudo nas perguntas sobre expectativas em relação aos próximos tempos. Ainda não é eurocepticismo, mas parece preocupante.
Para o futuro da Europa, a sondagem é muito curiosa na parte do questionário sobre o que querem os cidadãos obter da União Europeia. Mais de metade dos inquiridos (51%) responde que deseja “níveis de vida comparáveis” e apenas 25% “uma constituição”. Curiosamente, um exército comum é desejado por apenas 9%, um valor que me surpreendeu, por ser tão baixo.
À pergunta onde devia haver mais decisões, os inquiridos vão imediatamente para a “luta anti-terrorista” (80%) e a promoção da “democracia no mundo”, (77%). As questões económicas (protecção da agricultura ou luta contra desemprego) são consideradas secundárias.
Estes são apenas alguns exemplos de respostas surpreendentes. O inquérito demonstra que a integração é vista de forma positiva pela maioria dos europeus e que a UE tem uma imagem de progresso e modernidade.
Na questão do Tratado Constitucional, os políticos enfrentam um problema difícil: a opinião pública continua a ter escasso entusiasmo pelo projecto e considera-o pouco importante para o seu futuro.