sábado, março 11, 2006

A profissão de político

Já aqui referi a questão da qualidade da democracia como argumento que justifica não se avançar com quotas de mulheres nas listas para deputados. Além disso, o Parlamento não tem de ser o espelho exacto da sociedade, com proporções milimetricamente idênticas, e em todas as categorias, às do País. Mas, neste debate, é como se a profissão de político fosse separada da realidade. Toda a gente acharia absurda uma lei que impusesse quotas às empresas, às restantes profissões, às escolas. Um mínimo de 33% de estudantes de filosofia do sexo feminino, 33% de jornalistas nas redacções dos jornais, 33% de médicas em Santa Maria. As mulheres estão a conquistar lugares nas diferentes profissões pelo seu mérito e este é um processo irreversível. Só precisam de leis que impeçam a sua discriminação, não entra por ser mulher. Se recuarmos duas gerações, não havia mulheres em orquestras sinfónicas ou no exército, por causa de preconceitos da época. Solistas de concerto ou oficiais em postos de comando eram raridades há vinte anos. Hoje, são ainda raras as maestrinas ou coronéis, mas há mulheres talentosas que vão acabar com os tabus.