Megalomania?
Há tecnologias mais sofisticadas, mas a co-incineração avança. Só ganha meia hora em relação a comboios já existentes, mas apesar do custo exorbitante, o TGV Lisboa-Porto avança. Fica a 60 quilómetros da maioria dos seus utilizadores, mas o aeroporto da Ota avança. Como avançaram os dez estádios de futebol do Euro 2004, Alqueva, Sines e outros projectos megalómanos. E, se formos ao passado, temos no Convento de Mafra bom exemplo de como estoirar recursos. No futuro, não acredito que o país possa escapar a uma central nuclear que várias gerações vão pagar, em vez de se apostar em energias renováveis. Não me ocorre afirmar que os outros países não fazem coisas estúpidas, mas existe em Portugal uma teimosia cega que leva todas as críticas à frente. Lisboa e Porto apodrecem devagar porque os governos não conseguem resolver a questão do arrendamento; Portugal é o país com maiores atrasos em educação na União Europeia; justiça, saúde e ensino são cada vez mais para ricos. Talvez estes bloqueios, que ninguém quer solucionar, só tenham mesmo uma saída: a fuga para a frente dos grandes projectos.