Perigo I
Os nossos amigos de Mau Tempo no Canil levantam a questão do perigo do conflito no Iraque. Penso haver dois problemas no raciocínio ali desenvolvido: o que diz Bin Laden (mesmo que seja autêntico) revela apenas que a estratégia dos líderes da rede terrorista fracassou, pois não existe “guerra total”, mas apenas sentimento generalizado de insegurança. Os terroristas têm meios para fazer estragos e muitas vítimas (já o provaram), mas não possuem capacidade para vencer o Ocidente.
Isto não desmente a principal conclusão de Francisco (o conflito do Iraque tornou o mundo mais perigoso), mas parece-me que os motivos são outros. Em primeiro lugar, cria-se instabilidade numa região onde se concentram três quartos das reservas petrolíferas mundiais (mas convém lembrar que Saddam Hussein não era uma garantia de estabilidade); a guerra está a radicalizar os países muçulmanos, sendo este um aspecto mais difícil de compreender, relacionado com o sentimento de exclusão dos activistas religiosos e a aparente confirmação das teses segundo as quais o Ocidente quer destruir o Islão. Isto parece dificultar as reformas em países islâmicos, aspecto que já tentei explicar num texto anterior.