Dúvida de género
Já suspeitava há algum tempo que o nome Sofia Bragança Buchholz não passava de um pseudónimo. Mas, o que nunca me atravessou a cachimónia até ao dia de hoje, foi a assustadora ideia de que se tratasse de um gajo. No entanto, numa primeira leitura deste fragmento publicado no blogue da revista Atlântico, a conclusão pareceu-me inevitável.
Escreve a «Sofia» que os seus melhores amigos são homens. Ora essa é, como cedo descobre qualquer mulher por experiência própria, uma impossibilidade técnica. Tivesse a autora uma aparência capaz de afugentar o casal de grifos de estimação do Público e, mesmo assim, haveria sempre uma altura, normalmente após um jantar mais demorado ou a terceira caipirinha, em que isso deixaria de ter importância para qualquer um dos seus «melhores amigos», excepto os que sejam monges trapistas.
Por outro lado, a Sofia reproduz o mais puído cliché que imaginar se possa, quando acrescenta, taxativa: «As mulheres são seres elaborados, complexos, sensíveis e consequentemente falsas, matreiras, invejosas. Estendem o ombro às amigas para logo em seguida, quando lhes convém, as crucificarem» (Reparem no advérbio de modo que estabelece a ligação entre a complexidade e a sensibilidade, por um lado, e a falsidade e matreirice, por outro).
Escreve a «Sofia» que os seus melhores amigos são homens. Ora essa é, como cedo descobre qualquer mulher por experiência própria, uma impossibilidade técnica. Tivesse a autora uma aparência capaz de afugentar o casal de grifos de estimação do Público e, mesmo assim, haveria sempre uma altura, normalmente após um jantar mais demorado ou a terceira caipirinha, em que isso deixaria de ter importância para qualquer um dos seus «melhores amigos», excepto os que sejam monges trapistas.
Por outro lado, a Sofia reproduz o mais puído cliché que imaginar se possa, quando acrescenta, taxativa: «As mulheres são seres elaborados, complexos, sensíveis e consequentemente falsas, matreiras, invejosas. Estendem o ombro às amigas para logo em seguida, quando lhes convém, as crucificarem» (Reparem no advérbio de modo que estabelece a ligação entre a complexidade e a sensibilidade, por um lado, e a falsidade e matreirice, por outro).
Aqui, voltei a ter dúvidas de género. Nunca ouvi ninguém expressar esta forma de pensar que não usasse saias. Normalmente, quando um homem ouve uma mulher desdenhar assim da sua própria espécie, levanta e encolhe com desdém os ombros. Ele sabe que, para a fêmea em causa e por mais que as suas palavras tentem desmentir, é impossível ela passar a fazer parte da «irmandade da pilinha» à qual só aqueles que não baixam a tampa da retrete pertencem. Para um homem, a mulher que critica outras mulheres como se a atingisse um qualquer desequilíbrio hormonal tem um problema. Ou seja, é ela sim um «ser elaborado e complexo». «Consequentemente», algo que se deve manter à mesma distância segura que uma mina anti-pessoal.
Em Ce que les femmes disent de femmes, Marie Gasquet cita Madame Necker: «Dans un mari il n'y a qu'un homme, dans une femme digne de ce nom, il y a un homme d'honneur, une pére, une mére, une épouse». O que tem isto a ver com o assunto? Tem tudo. Não gosto que critiquem as mulheres. São o melhor que levamos desta vida. E não o digo por amizade.
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