Uma sala, duas televisões
Depois do casamento a que fui, em que o cão foi o menino das alianças; depois de ter uma amiga que se apaixonou pelo irmão do seu namorado; de ter outra amiga que, aquando dos tempos de inter-rail, levou pijama e chinelos de quarto – ou, neste caso, de carruagem – a condizer; e de já ter tido um namorado que, no primeiro ano de namoro, me presenteou com um wok… Estive por estes dias em casa de uns primos onde, na mesma sala, havia duas televisões – cada uma direccionada para sofás diferentes. Escolhendo uma “ao calhas”, ainda perguntei: Está avariada, a televisão? Mas a resposta que obtive não tem avaria. “Foi a solução que encontrámos para que um não esteja na sala e outro no escritório, ou um na sala e outro no quarto.” Assim, partilham o mesmo espaço, provavelmente até vão conversando, mas sintonizados em canais diferentes. Sem discussões do tipo “Importas-te de mudar de canal?” ou manifestações de posse face ao comando esquecido na mão de um dos cônjuges. “Passas-me o comando” é frase que não se ouve naquela casa. Quando muito ouve-se: “Podes baixar o som da tua televisão?” Uma casa portuguesa, com certeza.