E quem não salta?
Liguei, sem querer, a televisão na SIC Notícias, coisa que um jornalista em férias deveria estar proibido por lei de fazer (qualquer dia estamos), e qual não foi o meu espanto ao esbarrar com os comícios de encerramento de Fernando Negrão e de António Costa. Nem queria acreditar no que via. De um lado, Fernando Negrão entra num palco aos saltos com um hino mais próprio dos campos de futebol ("e quem não salta... é do...), antecedido por um Marques Mendes sem chama (como diz o nosso Pedro, ele já sabe que vai cair, só não sabe é quando). Negrão grita "Lisboa" 300 vezes seguidas, diz que Costa vai fechar a Portela, o IPO, vai acabar com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e promete acabar com uma empresa municipal. Hesita, faz uma pausa e solta o nome: Gebalis. A mesma empresa que foi tutelada nos últimos dois anos por um membro da sua lista, que aliás é quadro da mesma. Como o candidato do PSD não irá ganhar a CML, o tal membro da lista consegue, ao menos, regressar ao quadro da Gebalis, que não será extinta. Logo a seguir vejo uma tirada à Negrão. Depois de estar a falar durante pouco mais de um minuto e meio, diz que está a sofrer "do fenómeno Jerónimo de Sousa" e que está sem voz. A coisa fica por ali. Sem ideias, sem voz, fica tudo dito.
Antes de desligar a televisão ainda espreito António Costa a correr para o repórter de serviço, a passar pela sua mandatária da juventude (num elegante vestido encarnado) e a parar em frente às câmaras. Desconhecendo que a emissão está no ar, Costa põe a camisa dentro das calças, ajeita cinco vezes as golas da camisa, passa a mão pelo cabelo e endireita os óculos. O que vem depois não interessa. Desligo, com a certeza de que irá pedir uma maioria absoluta, irá falar no Parque Mayer e da ligação ao Jardim Botânico, irá falar na Baixa-Chiado e de como Lisboa tem desprezado a cultura. Quando os partidos políticos têm desprezado Lisboa há anos.
Antes de desligar a televisão ainda espreito António Costa a correr para o repórter de serviço, a passar pela sua mandatária da juventude (num elegante vestido encarnado) e a parar em frente às câmaras. Desconhecendo que a emissão está no ar, Costa põe a camisa dentro das calças, ajeita cinco vezes as golas da camisa, passa a mão pelo cabelo e endireita os óculos. O que vem depois não interessa. Desligo, com a certeza de que irá pedir uma maioria absoluta, irá falar no Parque Mayer e da ligação ao Jardim Botânico, irá falar na Baixa-Chiado e de como Lisboa tem desprezado a cultura. Quando os partidos políticos têm desprezado Lisboa há anos.