Um lugar no céu por 3,90€
Se quisesse, já tinha a colecção toda destes CDs com música portuguesa que o Público decidiu distribuir com o jornal completamente à borla. Imagino que esta bombástica declaração colha de vós, leitores e leitoras, um mero encolher de ombros e a seguinte reacção: «Mas os CDs não são grátis? O que há nisso de tão extraordinário?». Não, não são. Mas ninguém percebeu ponta de um chavelho de como é que a promoção funcionava. E vai daí, não há quiosque ou loja onde eu não receba, das mãos solícitas de alguém, o dito cêdezinho e o comentário «Ora, aqui está, é grátis». E eu, invariavelmente, respondo à Cunhal: «Olhe que não...Só o de sexta-feira é que é. Veja aqui, escrito na primeira-página: 3,90€! Está a ver?». Seguem-se, invariáveis, uma pausa e um «Ah!» compungido. «Mas temos estado a dá-los a toda a gente e nunca ninguém reparou». «Pois», digo eu, «mas alguém vai reparar quando tiverem que acertar as contas». Não é com esta ausência de pedagogia promocional que o Público vai diminuir os seus prejuízos, ah não é não! Mas eu, pelo menos e de tantos CDs que já recusei, vou ter direito ao céu. Alguém que saia a ganhar.
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