quinta-feira, abril 19, 2007

Não há beleza no Mal

Enquanto grupos de neonazis, fascistas, nacionalistas ou lá o que queiram chamar-lhes se manifestam por cá, Brian Ferry foi obrigado a pedir desculpas públicas por, numa entrevista, ter apelidado a cultura do regime hitleriano e a sua iconografia como «just amazing» e baptizado o estúdio de gravação com o nome de fuhrerbunker. As suas palavras foram, and I quote:
«My dear gentlemen, the Nazis knew how to put themselves in the limelight and present themselves. (…) Leni Riefenstahl's movies and Albert Speer's buildings and the mass parades and the flags - just amazing. Really beautiful».
Ora 90% do que o ex-Roxy Music disse é verdade: Eles «sabiam apresentar-se» e visionar o «O Triunfo da Vontade» basta para evidenciar bem o que era capaz de gerar a combinação da propaganda de Goebbels com a arquitectura de Speer e a técnica de realização de Riefenstahl. Era, com certeza, «just amazing». Mas «really beautiful» é que não. Chamar bela à manifestação orquestrada do mal e à sua iconografia é, das duas uma: Ou ser irresponsável o suficiente para não conhecer o poder gerado nas massas por esse profissionalismo imagético, canalizador das mais baixas vibrações individuais e colectivas, ou conhecer e partilhar dos sentimentos gerados. As insígnias das Waffen SS eram «amazing» logótipos? Admito que sim. Belas? Nunca na vida. Embora indubitavelmente na morte.