quinta-feira, março 22, 2007

Un adieu français


Jacques Chirac, o único dirigente europeu ainda em funções que foi contemporâneo da II Guerra Mundial, retira-se enfim de cena após 40 anos de vida pública, iniciada em 1967, como membro do Governo do general De Gaulle. Despediu-se com um discurso ao velho estilo gaulês: grandiloquente, palavroso, cheio de auto-suficiência, mas sem qualquer vínculo com a realidade. A França de 2007 tem menos motivos para sentir orgulho em si própria do que a França de 1995, ano em que Chirac tomou posse como Presidente da República: a explosão da violência juvenil nas periferias de Paris, o chumbo do Tratado Constitucional em referendo pelo eleitorado francês e o crescimento exponencial da extrema-direita, que há cinco anos levou Chirac a disputar a segunda volta das presidenciais com Jean Marie Le Pen, contra todos os vaticínios. É uma França que ainda fala com ímpetos imperiais, como falou durante séculos, mas com uma diferença assinalável: hoje já ninguém a escuta.
Na hora da partida, Chirac recebe alguns aplausos polidos que não disfarçam a indiferença geral. Já vai tarde: este mundo deixou de ser o dele.