quinta-feira, março 15, 2007

Para lamentar

É um erro levar crianças e adolescentes à sala das sessões da Assembleia da República: com esta insistência estamos a formar uma geração antiparlamentar. Foi nisto que pensei esta tarde, ao assistir a uma chatíssima reunião plenária em que se discutia a proposta de lei nº 72/X, que "define as competências, modo de organização e funcionamento do Conselho das Comunidades Portuguesas". Discutir é uma maneira (errada) de dizer: vendo bem, ali não se discutia nada. Havia quem monologasse na tribuna, enquanto nas bancadas escassamente povoadas os representantes do povo bocejavam, liam o jornal, disparavam larachas aos colegas do lado ou palravam ao telefone. Às 17 horas, contei-os: havia 33 deputados do PS (num total de 121 que integram a bancada), 11 do PSD (que tem 75), quatro do PCP (12), dois do CDS (12), dois do Bloco de Esquerda (oito) e um dos Verdes (dois). Total: 53. Ou seja, só 23 por cento dos 230 parlamentares se dignaram estar ali.
Tudo isto é normal em São Bento, sobretudo num dia em que joga o Benfica, como era o caso. Só podiam ter poupado os 50 alunos da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes (de Portimão) e os 170 alunos do Instituto Nun' Álvares (de São Tirso) àquele lamentável espectáculo. Olhei para as galerias: lá estavam eles, enfastiados até ao tutano, com cara de tirem-me-daqui. Depois queixem-se de que os putos não votam e rapam o cabelo quando ficam crescidinhos. Estas visitas ao Parlamento só podem deixá-los traumatizados...