Chega de masoquismo, tá?
Entre os inúmeros disparates que tenho ouvido nesta campanha do referendo ao aborto inclui-se a contínua indicação da França como exemplo a seguir em matéria de direitos humanos. É mais um caso típico de autoflagelação: não perdemos a mania de imaginar que os outros são melhores que nós. Ora se há matéria em que não temos lições a receber de Paris é mesmo nesta: Portugal aboliu a pena de morte em 1867, o que então motivou uma entusiástica reacção do escritor gaulês Victor Hugo em carta ao director do Diário de Notícias, enquanto a França só o fez em 1981, com a ascensão de François Mitterrand ao Palácio do Eliseu. E só na semana passada a Assembleia Nacional parisiense decidiu inscrever esta medida na Constituição, estipulando no artigo 66-1 que “ninguém pode ser condenado a pena de morte”. Cento e quarenta anos depois de o mesmo ter ocorrido em Portugal!
Chega de masoquismo nacional, está bem?
Chega de masoquismo nacional, está bem?