A honestidade intelectual e o respeitinho
A esquerda e a direita de facto existem e, na sua fórmula moderada e racional, encontram-se normalmente ao centro da vida real. Sim; o povo de esquerda e o povo de direita têm ambos os seus esqueletos nos armários e os seus tabus. Personalidades, mais ou menos perversas ou incompetentes, que à boleia das suas ideologias ou causas conduziram politicas extremadas, cometeram erros estratégicos e proporcionaram trágicos desfechos. Por exemplo, hoje, a direita responsável não pode deixar de afirmar o seu incómodo com a estratégia e as politicas internacionais canhestras seguidas pela administração Bush. Já a esquerda deveria assumir séria apreensão para com o deficit de sensibilidade democrática de Hugo Chavez, já para não falar do trágico e hediondo Fidel Castro. De resto, é olhar sem preconceitos a história e seus protagonistas para humildemente percebermos que ambos os lados da “trincheira” têm razões para corar de vergonha. E que o ar apenas será respirável enquanto imperar o equilíbrio e a razão.
Daí que, quando nos posicionamos num dos campos da contenda, por imperativos sociológicos ou culturais, se torna urgente o uso da honestidade intelectual na análise dos factos e dos protagonistas. O risco é o de promovermos organicamente o crime, a impunidade e a repressão, com o prejuízo para as vítimas e para o lento processo civilizacional. Princípios são princípios e contam para os dois lados. O respeitinho é de facto fundamental.