domingo, novembro 05, 2006

Ó jeitosa, vai um tirinho?

ou post indignado sobre os saloios que mandam bocas dentro dos carros em andamento ou antes do sinal ficar verde.
Lá vai o tempo em que eram os "homens das obras" a mandarem bocas grosseiras às moças no passeio. A bem dizer, até que podem dizer qualquer coisa ou mesmo dar gritos de herói urbano que eu não os percebo. Já reparei, aliás, que o clássico e globalizador assobio está fora de uso. Suponho que se tenha democratizado e tornado desinteressante. Mas o facto é que a malta era avisada. Sabia que se passasse junto a algum andaime ou estaleiro, o mais certo era ouvir uma boca vadia, brejeira, curta e grossa.
Pois agora os tempos mudaram. Ninguém está a salvo. Os alvos estão geralmente junto a semáforos para peões ou passadeiras, tanto na Avenida da República como em Telheiras e ao volante encontra-se o tuga a coberto da carroçaria de um carro. Qualquer teenager de cintura descaída, jovenzinha de calça curta ou madura de saia pelo joelho servem às bocas saloias e cobardes do tipo que passa no carro e lança a graçola de difícil audição ou ao gesto obsceno que sai da janela aberta.
Em alternativa, ainda existe o plano b: o carro quase a arrancar junto ao semáforo e ainda dá tempo para a javardeira ou para o braço de fora. Em ambos os casos não há resposta. Os labregos contam com a paralisia dos alvos de olhos postos no lado de lá da rua. Qualquer calhambeque velho ou topo de gama usa esta estratégia, qualquer gingão saloio ou entradote burgesso eventualmente pai de família se presta a este tipo de "devaneio", de riso aberto ou trejeito de engate ilusório. E zás! depois lá vão eles à vidinha. Os valentões. Ás risadas com outros tontos iguais a eles, levando com eles o troféu do dia. Aliás, o único. Que lá em casa a cantiga é outra.
(Editado no meu blog mas com alterações)