Desilusão ao pequeno-almoço

O nosso Pedro Correia e o Fernando Madaíl (com quem muito gostei de conversar na minha festa de aniversário) assinam este tema de abertura de hoje do DN, «Era bom que trocássemos umas ideias sobre a esquerda».
Muito recentemente, defendi aqui num comentário Mário de Carvalho, o escritor. Hoje, em declarações recolhidas para o referido artigo mas não reproduzidas online, Mário de Carvalho acumula um conjunto de afirmações sobre a direita perfeitamente esclerosadas. Poderia discuti-las uma a uma mas prefiro centrar-me nesta: «A direita não tem nem nunca teve princípios, tem preconceitos», e nesta outra: «A direita é a imagem do nosso atraso». Logo abaixo, uma igualmente categórica Helena Roseta diz que «A esquerda tem uma posição inconformada e inconformista perante as injustiças em nome dos valores».
Tenho em alta consideração a inteligência de um e de outra, em diferentes graus. Aqui, partilham o grau zero do facilitismo demagógico maniqueísta. Mário de Carvalho não sabe «como pode alguém ser de direita». Pelos vistos, também não está interessado em saber. Estas suas frases, esta sua forma de arrumar com facilitismo chavões e lugares comuns, é indigna do retrato que dele fiz até hoje.
Não sei que direita é esta de que fala, nem que esquerda com o monopólio dos valores é esta que defendem. Tudo isto é primário e vácuo. Se era bom que se trocassem ideias, aqui só se trocaram banalidades congeladas pela História. «Boçal e retrógada», a direita? Boçais e retrógadas, estas críticas.