A César o que é de César
Normalmente evitaria polemizar com João César das Neves (JC das N). Tenho sempre a impressão de que discutir com ele é como discutir com um taxista e, no final, somos nós que pagamos a factura. Pode ser que me engane mas tenho dúvidas (ao contrário dele, pelo que parece).
Hoje, JC das N defende a geração que fez o 25 de Abril. Uma malta injustiçada pelas críticas que lhe fazem os jovens que «mesmo com cursos superiores, não conseguem carreira estável e andam no desemprego, a recibo verde ou trabalho temporário». Apesar disso, escreve JC das N, «a geração anterior sofreu muito».
Ora pode ser que tenha sofrido, pelo menos aqueles que não andaram nos copos na Sorbonne e em Oxford. Mas a verdade é que, de gestão e microeconomia, nenhum deles percebia nada. Veio a revolução e a ideia brilhante que tiveram foi obrigar quem sabia o que era uma empresa a sair do país e entregar a gestão ao Estado e aos “colectivos”. O ouro foi para o bandido e para o estrangeiro, como pagamento das dívidas das experiências marxistas-maoistas-leninistas e a agricultura ficou em cacos com as terras ao abandono.
Depois, foi o rebound. No rebound, em português a tabelinha, a bola da ideologia já estava enfiada no buraco e na mesa de bilhar restava outra bola: Os «tachos» do esquema rotativista criado pela dita geração. Uns TLP estatizados, por exemplo, tinham dois edifícios. Um para o partido no Governo e outro para os quadros na prateleira, que alternavam alegremente. A malta continuava a não perceber nada de gestão e microeconomia mas já sabia como gerir a sua conta bancária e os interesses entre as capelinhas.
Hoje, a geração seguinte quer governar isto e não consegue. Há facturas para pagar que nunca mais acabam e dívidas do tamanho do continente africano. JC das N vem falar-nos de «sofrimento»? Tenha dó! Quem sofre, todos os dias, somos nós. E temos sorte se não for até ao final da vida.