São Bento de azul e branco
Segundo a Constituição da República Portuguesa, os deputados não representam os partidos políticos em que militam nem sequer os seus círculos eleitorais de origem: representam, e bem, "todo o País" (artigo 152º, número 2, da CRP). Pensava eu que os 230 parlamentares levavam a sério este ditame. Todos? Todos não: um conjunto de cerca de oito dezenas, pondo a simpatia clubística acima do imperativo constitucional, assumem-se como portistas (não confundir com os pórtistas, que são apenas doze, incluindo Paulo Portas lui même), o que os levou a convidar hoje para jantar, na própria casa-mãe da democracia, essa notável figura do regime que dá pelo nome de Jorge Nuno Pinto da Costa. O repasto, significativamente, decorre logo após o debate do estado da Nação, o que diz muito sobre o peculiar sentido de oportunidade destes excelsos servidores do bem comum equipados de azul e branco, entre eles quase todos os deputados do PS/Porto e o social-democrata António Preto. Resta-me uma dúvida: terá o convite sido extensivo a Reinaldo Teles e ao guarda Abel?