Confie se quiser
Acabo de ver a repetição da entrevista do primeiro-ministro à Maria João Avillez e é interessante verificar que ele acredita de facto que a sua principal tarefa é "devolver a confiança aos portugueses", como se isso fosse o mais importante para resolver os vários problemas do país. Lembra um pouco aqueles que achavam que se acreditassemos na selecção ela seria campeã. Aliás, os socialistas nunca fizeram autocrítica do desastre a que conduziram o país durante os anos Guterres e consideram que a culpa foi do posterior "discurso da tanga" de Durão Barroso (Sócrates referiu-o, mais uma vez, na entrevista) que "tirou a confiança aos portugueses". Será por isso que o primeiro-ministro vê as já nauseantes acções de propaganda do Governo como essenciais para convencer os portugueses a confiarem. Muitos jornalistas, que também partilham da preocupação de Sócrates, alinham nisso, passando para segundo plano, mesmo sem perceberem (dou a alguns esse benefício), a sua principal missão na sociedade, que é a de fiscalizarem o Poder (noutro post voltarei ao assunto). Ainda da entrevista, parece-me que a declaração de que "aprende" com Cavaco vai ser muito usada pelos jornais. E fica-me também uma frase que me fez rir de tão surreal: "o PS sempre foi um partido reformista...".