quinta-feira, junho 01, 2006

Timor: resposta a Paulo Gorjão (2)

Se o reparo de Paulo Gorjão neste caso tem razão de ser, e o que escreve sobre a necessidade de um mandato claro da ONU para o envio de forças portuguesas também, já a sua defesa da presença em Timor de um contingente militar destacado de Lisboa continua a merecer-me as maiores objecções. Em primeiro lugar, insisto, porque só a GNR tem experiência do terreno - atributo fundamental num casos destes - e os desmandos em Díli requerem acções de âmbito policial e não militar. Mais importante que isso: a eventual presença de forças armadas portuguesas, com toda a sua carga simbólica, arriscar-se-ia a ser confundida com a constituição de uma guarda pretoriana de uma qualquer das facções políticas neste momento em conflito, sem nenhuma contrapartida efectiva no reforço da segurança pública em Díli, tarefa que deve merecer a prioridade máxima. Pelo contrário, isso equivaleria a deitar gasolina numa fogueira de contornos incertos. Não é esse, seguramente, o papel que nenhum de nós deseja para os militares portugueses. Nem é essa a sua vocação.