Qualidade
A proposta do PS de tornar obrigatória uma quota mínima de deputados de cada sexo parece uma ideia peregrina e tipicamente burocrática. As mulheres são tratadas como minoria e de forma paternalista (e porquê um terço, em vez de um quarto ou metade?). Mas o problema, na minha opinião, não está no conceito de quota, mas na questão da democracia. A ser aprovada a proposta, a restrição legal não é sobre o número de homens e mulheres, mas sobre a qualidade da democracia. E este é o grande problema do parlamento. Os partidos têm degradado a excelência das suas listas e a proposta só iria diminuir ainda mais o mérito dos eleitos, não porque as mulheres sejam incompetentes, mas porque haveria mais uma restrição a somar às existentes: quotas para os barões partidários, para jovens aprendizes de políticos que nunca trabalharam na vida, para as diferentes facções ideológicas, para interesses económicos, para “senadores” do partido, para distritais, sem mencionar os ornamentos intelectuais das listas e o ocasional candidato mediático. Depois queixem-se de que as pessoas de qualidade estão a sair da política!