A entrevista
P. – Olá, Manuel. Já recuperou da campanha?
R. – Quero falar e não posso,
Que a garganta está cansada.
Estou exausto até ao osso
De tanto pó no pescoço,
De tanto povo na estrada.
P. – Que balanço faz das eleições?
R. – Foi fatigante a campanha,
Onde andei com o meu filho.
Lembrei o Torga e o Zenha.
Mas hoje ninguém m’apanha
Sem o dedo no gatilho.
P. – Quer dizer que já retomou os seus hobbies?
R. – A caça pr’a mim é tudo,
Também a pesca me agrada.
Meu soneto é uma espingarda
Apontada ao cabeçudo
Que me quis tornar em nada.
P. – O Mário roeu-lhe a corda...
R. – Mas ri melhor quem por fim
Conquista as graças do povo.
É bestial estar assim:
Tanta cruz no boletim
Fez-me até sentir mais novo.
P. – Planos para o futuro?
R. – E agora, Manuel?
É tempo de Parlamento.
Tempo de pena e papel,
Tempo de seda e pastel.
Vamos curtir o momento!