quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Dois críticos à conversa no Pap'Açorda

- Meu caro, o que mais gostou em Brokeback Mountain?
- Da profusão de picos nevados que enchiam a tela numa descarga semiótica. Autêntica simbologia fálica, prenhe de significado. Direi mesmo mais: epistemologia gay, correspondendo aos genuínos sinais do nosso tempo.
- Cinco estrelas?
- Não. Bola preta. Muito aquém das expectativas, caríssimo. Um final demasiado convencional, quase lacrimejante, sem vibração. Ficaram por concretizar aquelas potencialidades abertas pela vastidão de cumes cheios de neve. Só lhe digo: se toda aquela imensa energia fálica explodisse no ecrã, estaríamos perante um novo Metrópolis, quiçá mesmo perante um novo Potempkine. Assim ficou uma xaropada, tipo Música no Coração. Meu Deus, tanta potência desperdiçada!
- Dou-lhe razão. E os pastéis de massa tenra que nunca mais chegam... Esta conversa abriu-me imenso o apetite, vá-se lá saber porquê.